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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Um livro sem editor


O cineasta Colin Trevorrow surgiu para o mundo com a produção independente Sem Segurança Nenhuma, cujo maior fruto foi levá-lo a ser escolhido a dedo por ninguém menos que Steven Spielberg para dirigir Jurassic World: O Mundo Jurássico. E depois destes dois tiros certeiros, outro salto gigantesco: a Lucasfilm o anunciava como diretor de Star Wars: Episódio IX. Natural então que seu próximo filme antes da imersão na saga Skywalker, O Livro de Henry, recebesse o holofote (e figurasse na lista dos 10 mais esperados do ano deste blog).

Porém, mais rápido que sua ascensão meteórica foi sua queda. O Livro de Henry foi massacrado pela crítica e ignorado pelo público. Relatos de bastidores começaram a apontar distúrbios na Força durante a pré-produção do Episódio IX. Não demorou muito, a Lucasfilm demitiu Trevorrow de seu posto por "diferenças criativas".


A questão é que existem apenas duas coisas boas em Henry: o garotinho Jacob Tremblay, que já havia dado show em O Quarto de Jack, e a trilha sonora de Michael Giacchino, que raramente erra a mão. O primeiro infelizmente não salva o filme, apesar de quase ser motivo o suficiente para o público gastar seu tempo. Quase. E o segundo evidencia o grande problema do longa - as constantes mudanças de tom.

A musiquinha alegre com a sequência animada que compõe os créditos iniciais indicam um determinado tipo de filme. Mas, seja por ambição e ousadia, seja por estar simplesmente perdido, Trevorrow inesperadamente e sem muita sensibilidade transforma o filme em um drama leve, depois em um drama pesado, depois em uma história de suspense e depois finaliza como alguma outra coisa. Sem Segurança Nenhuma não deixava de ser uma mistura de ficção, comédia e drama, mas o resultado parecia bem dosado e homogêneo. Já O Livro de Henry é um balaio confuso de emoções que não engrena, preenchido por motivações obscuras e mensagens duvidosas.

Todo grande cineasta tem seu tropeço. Mas, o importante é que todo grande cineasta aprende com seu tropeço. Pelas declarações arrogantes, Colin Trevorrow não tem se mostrado grande. É torcer para que o tempo e outros estúdios deem oportunidade para ele se redimir.


O Livro de Henry (The Book of Henry), 2017




Um comentário:

  1. Não é um bom filme, muitas coincidências artificiais e reviravoltas absurdas, notadamente no final.
    Vou discordar da crítica, porém. O personagem de Jacob Tremblay era chatíssimo, com uma fofice exagerada que se tornava uma espécie de versão humana do Nermal das tiras do Garfield. E não servia de nada para a trama, como aliás metade do elenco.

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