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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Se Liga nessa


A produção de Liga de Justiça não se deu sem atribulações. O diretor Zack Snyder, acusado por muitos de não entender os personagens da DC e criticado por dar um tom sombrio demais aos filmes que comandou anteriormente, acabou abandonando seu posto na reta final para se recuperar de uma tragédia familiar. O nerd de plantão e profundo conhecedor do universo geek, Joss Whedon, ex-Marvel, assumiu a direção com a missão de finalizar o longa. O que se deu nos bastidores foram extensivas refilmagens, que fontes apontam algo como 15 a 20% do filme sendo modificado, e que acabaram lhe rendendo o crédito de corroteirista.  O importante é que o produto final não parece um frankenstein filho de dois criadores distintos, mas uma obra coesa, mesmo com suas falhas, que recoloca o chamado DC Extended Universe no trilho certo.

Patty Jenkins já havia acertado a mão mais cedo este ano com Mulher Maravilha, mas ainda havia desconfiança sobre a condução dos principais heróis masculinos. E depois de Homem de Aço e Batman V Superman, finalmente o cinema conseguiu trazer o Superman (não, não é spoiler que ele volta) para o tom correto, como o bom exemplo que todos esperavam que ele fosse (sim, dados os últimos filmes, isto é um spoiler). Chega a parecer que tudo vai desandar assim que o personagem é reintroduzido na trama, mas logo os fãs podem respirar tranquilos ao ver o último filho de Krypton sorrindo, pregando boas maneiras e... salvando pessoas! Este é o Superman que deixa a pancadaria momentaneamente com os colegas, para simplesmente ir proteger civis. Este é o Superman que todos queriam. Este é o Superman que o mundo de hoje precisava ter de volta.


Mas, até pelo tempo em tela, Batman e Mulher Maravilha são os protagonistas. E não decepcionam. Ben Affleck parece mais à vontade com um enredo que permite um homem-morcego menos sisudo e Gal Gadot continua no mesmo embalo do seu filme solo. Essa merece ir longe neste universo. Jason Momoa, o eterno brutamontes Khal Drogo de Game of Thrones, faz um Aquaman bad boy como nunca antes visto, tirando a má impressão que o personagem tem. E o Flash é o responsável por trazer a carga de alívio cômico tão demandada para o DCEU. Só o Cyborg que, mesmo sendo crucial para a trama toda, diz pouco a que veio. Ainda assim, ele dá Liga. É empolgante ver estes heróis juntos.

O que não empolga é o Lobo da Estepe. Obscuro até para fãs mais dedicados, suas motivações são ridiculamente unidimensionais (dominar o mundo simplesmente porque pode e quer) e sua composição é através de um CGI distrator, para não dizer simplesmente ruim e barato. Sorte que ele está ali apenas para ser o fio condutor que levará a Liga a se formar. Talvez se Joss Whedon tivesse chegado um pouco mais cedo, o vilão poderia ter sido isso e algo mais. Mas, já é o suficiente.

O que Whedon conseguiu mudar a tempo, para o bem, mas não sem polêmicas, foi o compositor. No lugar de Junkie XL, escolhido por Snyder, ele colocou o experiente Danny Elfman. Mesmo sem emplacar melodias originais marcantes, Elfman entregou uma das trilhas mais interessantes do DCEU e ainda arrumou jeito de encaixar referências ao recente tema da Mulher Maravilha, o clássico e inigualável Superman de John Williams e o seu próprio tema do Batman, do filme de 1989 de Tim Burton.

Se os últimos minutinhos da produção são meio mornos, a recompensa vem com os créditos finais. No meio, uma rápida, divertida e inevitável cena com Flash e Superman. E, após tudo, uma cena não tão curta e essencial para uma, não só inevitável também, mas agora desejável e esperada, continuação da Liga da Justiça.


Liga de Justiça (Justice League), 2017




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