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terça-feira, 31 de outubro de 2017

O fantasma da crise (não) existencial


Ao contrário do que o título original pode sugerir (A Ghost Story), Sombras da Vida não é um filme de terror. E é uma obra de agradar a poucos.


A passagem do tempo é um tema central e a produção investe em longas cenas centradas no cotidiano, nas coisinhas mundanas, tornando-se propositalmente lenta e arrastada. Sua duração é de uma hora e meia, mas sensação é de três horas. Assim, é para ser consumida só, sem interrupções. Uma tarde chuvosa é uma boa pedida, mas não logo após o almoço, para evitar que o sono apareça. Esse fantasma não vai tirar o sono. Vai certamente assombrar o espectador por horas após o fim do filme, mas não da maneira usual.

Sendo um drama sobre perda e luto, com a presença de Casey Affleck num papel principal é impossível não remeter a Manchester à Beira-Mar. Mas, logo as similaridades se esvanecem e o longa passa a fazer jus a seu título, contando de fato a história sob a perspectiva do fantasma. Filosófico, poético e minimalista, ainda consegue criar uma interessante mitologia em torno do que é ser fantasma, por que se apega a uma casa específica, qual a razão da sua existência. Mesmo sem parar para explicar nada, passa uma clara noção de como funciona a dinâmica daquilo tudo.

Quem conseguir se manter acordado (e vale a pena se esforçar para tal) estará bem servido de uma experiência inusitada e singular.


Sombras da Vida (A Ghost Story), 2017




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