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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Wolverine cansado (e cansativo)


Quase não assisti a Logan.

Após o fraco X-Men: O Confronto Final ainda arrisquei o péssimo X-Men Origens: Wolverine antes de abandonar os heróis mutantes. Mesmo com as boas recomendações de Primeira Classe e Dias de um Futuro Esquecido, não animei de retomar a franquia. Então surgiu a aclamação de público e crítica a Logan e ficou a sensação de que eu poderia estar perdendo algo especial.

Por ser em teoria um filme solo que não dependia diretamente dos que vieram antes, resolvi assistir. E descobri que não estava perdendo nada especial.


A exemplo do recente e também superestimado Deadpool, a comoção e a expectativa em torno de Logan pareciam se sustentar no fato de que a dobradinha Fox-Marvel estava lançando (mais) um filme de super-herói direcionado para adultos. O problema é que o filme parece fazer questão de usar isso como ferramenta de promoção e não por demanda de desenvolvimento narrativo.  Abrindo de cara com um Wolverine exclamando "f**k" e tendo uma cena em que uma moça gratuitamente mostra seus seios para o herói, o longa parece um amontoado de artifícios para gritar "vejam como sou um filme diferente!".

Se a surpresa da violência exacerbada por um momento traz um senso de "tudo pode acontecer", rapidamente ela se torna previsível virando um "tudo vai acontecer". E a produção se transforma em um exercício de paciência, uma espera pelo esperado.

Hugh Jackman e Patrick Stewart, que não contribuíram com suas declarações de antes do lançamento do filme sobre seus envolvimentos futuros com a franquia, até fazem um bom trabalho,  juntamente com a surpreendente novata Dafne Keen. O diretor James Mangold acerta no clima de faroeste, mas erra ao escancarar suas influências com uma cena em que personagens assistem a Os Brutos Também Amam, que acaba sendo referenciado mais para o final, com pouquíssimo efeito dramático.

Logan poderia até ter sido um filme melhor, se não ficasse ocupado em pontuar que possui crianças assassinas e que Wolverine fala, sim, palavrões e tem o costume de repetidamente usar suas garras para atravessar os crânios dos vilões. De certa forma é um alívio que o filme ganhe classificação de censura como inadequado para menores, não somente pelos motivos óbvios, mas principalmente por seu cenário soturno, onde os X-Men estão mortos (aparentemente por decorrência de uma doença mental do próprio Professor X) e os heróis remanescentes estão decadentes e sequer conseguem salvar e se importar com uma família que os acolhe.

No mundo atual, já suficientemente amargurado, não é nada disso que queremos de um filme de herói.


Logan (Logan),2017




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