Pesquisar neste blog:

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Saul que há de melhor


Continuo sendo o (desacreditado) cara que se diz fã de cinema e que nunca viu Breaking Bad. O problema é que perdi o zeitgeist da série protagonizada pelo famoso Walter White e acabei traçando uma meta: assistir ao seu spin-off, Better Call Saul, só para ver se funcionaria independentemente.

E já no começo da primeira temporada descobri que sim.

Agora, se tudo que foi demonstrado até a conclusão da terceira e mais recente temporada for algum indício, cada vez aumenta mais a sensação de que todo mundo com quem converso está certo e estou perdendo uma das melhores séries de todos os tempos ao evitar Breaking Bad. Porque Better Call Saul, um "mero derivado", já é uma das melhores séries de todos os tempos.


Como escrevi após o quinto episódio ainda da primeira temporada, "o grande trunfo aqui é o desenvolvimento de um personagem agridoce, ambíguo e divertido. Um advogado inteligente, mas que não deixa de fazer bobagens homéricas e que mesmo arquitetando golpes e trambiques ainda tem um senso moral nato, tentando racionalizar seus atos para se convencer de que faz a coisa certa."

Porém, não é só Bob Odenkirk quem brilha como o personagem-título (ou quase lá). Todo o elenco coadjuvante  merece aplausos e, sem entregar muito, os roteiristas dão aos seus personagens dimensões substanciais e verossímeis. De Mike, Kim e Chuck, passando por Howard e Francesca, até Nacho, Hector e Gus, todos protagonizam momentos tensos, engraçados, sensíveis e memoráveis dignos de protagonistas. E os personagens que são recorrentes de Breaking Bad quando roubam a cena não o fazem por serem rostos conhecidos (pois pra mim não são), mas sim por estarem servindo a um enredo engenhoso que se dá o tempo necessário para ser bem desenvolvido. Isso tudo confeccionado com uma fotografia belíssima, uma edição habilidosa e direção(ões) de altíssimo nível. É também notável como que é entregue um conteúdo maduro de qualidade, sem a necessidade de se recorrer a palavrões, nudez, sexo ou violência explícita.

A verdade é que Better Call Saul  me deixa num conflito entre perseverar ou abandonar o experimento social-artístico. O que será que Jimmy McGill aconselharia?


Better Call Saul (3a. temporada), 2017




Nenhum comentário:

Postar um comentário