Pesquisar neste blog:

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Viet Kong


King Kong é uma daquelas propriedades que já teve várias encarnações e variações no cinema. Mas, até o início deste ano apenas três delas mereciam destaque: justamente as que levavam apenas o nome da criatura no título. A original em preto-e-branco de 1933, a versão de 1976 com Jeff Bridges e Jessica Lange e a refilmagem de 2006 comandada por Peter Jackson.

Todas estas produções se destacaram sobretudo pelos efeitos especiais, mas talvez pela época em que foi lançada (e por ter virado atração de parque em Orlando) a de 1976 é a mais lembrada. Porém, com enfoque maior no elo entre bela e fera, a releitura nunca chegou aos pés da original. O que Peter Jackson fez tão bem em 2006, além de repetir os personagens principais e trazer um pouco de ingenuidade frente ao desconhecido ambientando sua história também na década de 1930, foi investir boa parte do tempo de tela no habitat natural de Kong. Bem como no original, as cenas da Ilha da Caveira mergulhavam mais na fantasia e trazia o macaco gigante enfrentando dinossauros e monstros inexistentes.


A mais recente tentativa de reavivar a carreira do grandão, Kong: A Ilha da Caveira, agrada os fãs que preferem "pular" o filme com a Jessica Lange, pois cumpre justamente o que seu título já indica - praticamente toda a trama se desenrola na enigmática ilha, sem gastar tempo com pânico na civilização. Perde-se a oportunidade de (mais uma vez) recriar o icônico desfecho trágico no topo de um marco novaiorquino, mas ganha-se com a introdução de novas e pavorosas criaturas e com o clima inquietante de enclausuramento.

Talvez por se passar em 1973, logo após o fim da Guerra do Vietnã, e em uma ilha habitada por impossíveis bichos gigantes, o filme não esconde suas maiores referências: Apocalypse Now e Jurassic Park. Deste último, é de arrancar sorrisos quando Samuel L. Jackson repete sua célebre frase "Hold on to your butts". O diretor Jordan Vogt-Roberts conduz tudo com cenas empolgantes em tomadas inventivas (que não raramente parecem artes de graphic novels) e com uma edição ágil que ainda traz várias transições divertidas.

O que esta versão não tem são personagens. Existem apenas pessoas falantes que estão ali para servirem de lanche pra monstro e atores reconhecíveis para conquistar um mínimo de empatia do público. O único que desperta algum interesse e tem um pouco menos de superficialidade é o personagem de John C. Reilly, que em outras produções seria um mero alívio cômico.

Mas, claramente a Legendary Pictures pouco se importa com um legado de personagens marcantes. Sua missão é aproveitar o sucesso do Godzilla de 2014 e usar este filme como amálgama para algo maior. Quem esperou até o fim dos créditos teve a confirmação do que já não era segredo: está formado o MonsterVerse. Criaturas clássicas como Mothra, Rodan e Ghidorah surgirão em algum momento nos cinemas, que pretende ter seu ápice em Godzilla vs Kong, anunciado para 2020.

Humanos irão sofrer. Tomara que sejam só os de dentro da tela, não os de fora.


Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island), 2017




Nenhum comentário:

Postar um comentário