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domingo, 23 de abril de 2017

O perigoso chefinho


Hoje, dois dias depois de ter ido a cinema e dois dias antes da data marcada para seu irmãozinho chegar ao mundo, meu filho me perguntou: "E se ele [o irmãozinho] for igual ao Poderoso Chefinho?"

A pergunta veio de forma natural e sem qualquer sinal de receio ou ciúme. Não dá para saber se ele se referia ao elemento temático do filme, de que irmão mais velho sempre teme que o caçula vá chegar tomando seu espaço - físico, na casa, e figurado, no coração dos pais -, ou se referia à uma manifestação literal da alegoria usada no filme: de um bebê já falando e se portando como um adulto.


Seja qual for, ambos materializam a inquietação que tive com esta mais recente animação da DreamWorks. De cabo a rabo, o filme traz situações e ideias (mesmo que sob a imaginação de uma criança de 7 anos) preocupantes, considerando seu público alvo. A mensagem final é recompensadora, mas quase tudo até ali beira o inadequado. Talvez o filme seja na verdade destinado a uma plateia um pouco mais madura, como foi Olhe Quem Está Falando na década de 1980, mas os realizadores não contaram isso pra ninguém e o venderam como um filme infantil. Sim, ao longo da projeção os pequenos se divertem, mas a DreamWorks não é nenhuma Pixar e falta muita sensibilidade e cuidado em suas abordagens.

O alento é que, se conseguirem deixar a apreensão de lado, pelo menos os pais podem se divertir um pouco junto, principalmente com as incansáveis (e muitas vezes escondidas) referências culturais e cinematográficas.


O Poderoso Chefinho (The Boss Baby), 2017




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