Pesquisar neste blog:

quarta-feira, 1 de março de 2017

Limitado


Por ser um pouco longo demais e de ritmo lento, pode se tornar uma tarefa árdua assistir Um Limite Entre Nós tarde da noite ou quando se está cansado demais. Mas, em outras circunstâncias, vale a pena conferi-lo. Pelas atuações.

Vale ver os coadjuvantes, sobretudo Viola Davis, que acaba de vencer um Oscar pelo papel, e Mykelti Williamson, com um personagem que de certa forma mata um pouco a saudade de sua cria mais memorável: Benjamin Buford "Bubba" Blue, de Forrest Gump: O Contador de Histórias. E, claro, vale ver Denzel Washington, cujo desempenho poderia ter lhe rendido seu terceiro Oscar (mas, francamente, a Academia acertou nesta categoria este ano).


Embora sua interpretação seja intensa e haja uma naturalidade ímpar na composição do personagem, é decepcionante que ele se torne cada vez mais antipático, chegando ao detestável, à medida que a história se desenvolve. Os minutos iniciais e o cartaz do filme enganam. E o roteiro ainda leva a um infeliz epílogo que tenta passar uma mensagem no pior estilo "mas ele tinha boas intenções, fez o melhor dentro do que sabia fazer."

Outro ponto baixo na produção é também Denzel Washington - o diretor, que não consegue extrapolar os limites da mídia da qual o filme é adaptado: uma peça teatral. Diferentemente de outras adaptações dos palcos, como Moonlight: Sob a Luz do Luar ou Cavalo de Guerra, por exemplo, Um Limite Entre Nós se mantém restrito a cenários limitadíssimos e não explora recursos cinematográficos como composições visuais ou momentos de silêncio e contemplação. Tudo é muito falado, o tempo todo, se aproximando perigosamente do verborrágico.

Faltou um pouco do velho "Mostre, não diga". E enquanto o protagonista se preocupava em construir a cerca, o diretor deveria ter se preocupado em romper a cerca que separa a casa -o teatro- do mundo -o cinema.


Um Limite Entre Nós (Fences), 2016




Nenhum comentário:

Postar um comentário