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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Um banho de lua


Desde antes mesmo das suas 8 indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme, Moonlight: Sob a Luz do Luar vinha causando sensação no circuito independente. É sem dúvida um filme ao mesmo tempo forte e sensível que, com excelentes atuações e bela fotografia, tem o mérito de dar vozes a temas muito importantes para o mundo atual.

Porém, é preciso saber separar as coisas. Um ponto é a relevância do que está sendo dito e outro completamente diferente é o como está sendo dito, o resultado em formato de filme. Assim, preciso fazer a perigosa confissão de que de uma forma geral não gostei de Moonlight. E não se trata de qualquer tipo de preconceito. Já tive os mais variados níveis de apreciação por outros filmes que eram predominantemente de atores negros e/ ou que tratavam de homossexualidade, de pobreza, de bullying, de vício em drogas. Mas, esse não me cativou tanto.


Estruturada em capítulos, pegando três passagens distintas da vida do personagem Chiron, a história começa sólida e envolvente no primeiro ato e atinge seu ápice no segundo. Porém, o capitulo final é lento e desinteressante, trazendo o personagem em uma improvável e desnecessária reedição da sua figura paterna da infância. Sem entrar em detalhes para evitar spoilers, o desfecho do segundo ato é desmedido e forçado, parecendo mais um mecanismo de roteiro para justificar a transformação do protagonista em sua versão adulta. E o cenário no qual o diretor-roteirista  Barry Jenkins coloca Chiron ao final da projeção o leva a uma situação de impasse em que, qualquer que seja sua decisão, não há saída que leve a uma resolução satisfatória.

Com essas escolhas narrativas que moldam o ato final, Barry Jenkins acaba sendo um reflexo de seu lacônico protagonista e se apresenta inseguro em tomar uma posição ou emitir uma opinião verdadeira. O que só enfraquece o filme.


Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight), 2016




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