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domingo, 22 de janeiro de 2017

Animais soturnos


Tom Ford é um estilista americano. Não é de se assustar, portanto, que sua segunda empreitada como cineasta, Animais Noturnos, seja uma demonstração de estilo sobre conteúdo. O que estranha é que nem tão estiloso é assim.

A narrativa se desenvolve em torno de Susan, uma produtora de arte deprimida que está com seu casamento indo para o buraco, e do livro que ela está lendo, a primeira cópia da história que seu ex-marido escreveu e está para publicar. No "mudo real" há pouca coisa acontecendo além das angústias da personagem vivida por Amy Adams. A história dentro da história é a tensa e violenta (mas básica e banal) jornada de vingança do personagem que é vivido por Jake Gyllenhaal (em papel duplo, que faz também o escritor, ex-marido de Susan).


Se há algo que realmente salva são os atores, esbanjando um talento superior e incompatível com a produção em que estão. Mas, pode ser que o que os tenha atraído tenha se perdido na (muitas vezes esquisita) edição. Não que a maioria dos problemas não pudesse ser detectado na fase de roteiro ainda. Michael Shannon, por exemplo, exagera em determinada cena como se quisesse pontuar o velho (e batido) clichê que lhe deram: se alguém tosse em cena é porque vai ser revelado que ele tem uma doença terminal.

Tom Ford ainda encerra seu longa com um final supostamente ambíguo, para dar um toque artístico e deixar em aberto possíveis interpretações sobre os paralelos entre os personagens, qual a verdadeira vingança e blá blá blá. Mas, a essa altura, quem ainda está com atenção presa tem que tomar cuidado, pois o filme é tão raso que há risco de bater a cabeça se tentar se aprofundar.


Animais Noturnos (Nocturnal Animals), 2016




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