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sábado, 5 de novembro de 2016

Não discuta o passado e seja feliz em Wayward Pines


Lançada em 2015, Wayward Pines foi divulgada como sendo um evento de apenas dez episódios e, mesmo tendo um desfecho contido para uma temporada única, o gancho típico de final de filme de terror, que nos minutos derradeiros deixa espaço aberto para mais história, acabou prevalecendo e a Fox trouxe a população da misteriosa cidade para uma segunda temporada.

Sem o peso do elenco da primeira temporada, que tinha nomes como Matt Dillon, Terrence Howard, Melissa Leo, Carla Gugino e Toby Jones, e com possibilidades limitadas de apresentar mais uma reviravolta surpreendente, esta continuação mostrava-se pouco promissora e parecia fadada ao fracasso. Porém, os criadores da série, o produtor M. Night Shyamalan e o escritor Blake Crouch (do qual o livro homônimo foi usado como base para a primeira temporada), conseguiram superar os obstáculos e foram bem sucedidos na empreitada.


Através de flashbacks ou de participações específicas, alguns personagens principais e secundários da primeira temporada reaparecem nesta segunda. Se nunca desaparece por completo a sensação inicial de que não foi possível fechar com aqueles atores concorridos e que seus personagens estão surgindo só para dar algum tipo de satisfação para o público (e para logo em seguida serem descartados), no fim resta uma impressão de que estas manobras foram na sua maioria lógicas ou até mesmo orgânicas no âmbito do enredo. E durante a jornada é sempre bom ver aqueles rostos conhecidos em meio a tantos novos.

Não que estes sejam ruins. Claro que Jason Patric substituindo Matt Dillon é um choque inicial negativo, mas sua atuação reservada, quase no automático, acaba sendo compensada na reta final, quando o herói ganha novas nuances tomando (e sugerindo) ações bem atípicas de um médico bom moço guiado pela ética profissional. Djimon Houson também inicia meio apagado, mas aos poucos vai mostrando seu talento e ganhando espaço a ponto de ser o protagonista de um dos melhores episódios de toda a série. Fica até um pesar de seu personagem não ter sido explorado na primeira temporada (pois ele existia então e era peça fundamental na dinâmica toda).

A dupla Jason Higgins (Tom Stevens) e Kerry Campbell (Kacey Rohl) também começa com o pé esquerdo, como apenas duas pessoas irritantes, difíceis de se aturar (e de assistir). Mas é deles um dos melhores e mais surpreendentes (para não dizer chocantes) arcos da temporada, que traz peso ao desenvolvimento construído até ali. Aliás, este é um dos pontos em que a segunda temporada se mostra superior à primeira. Antes havia uma incômoda correria para manter a história em movimento, para condensar três livros no formato. Agora gasta-se o devido tempo para armar a trama e, principalmente, desenvolver os personagens. Isso fica evidente nas reviravoltas, que passaram a ser centradas neles e não na mitologia da série.

Iguais às suas "aberrações", Wayward Pines demonstra que o próximo passo, a evolução, pode parecer como algo pior, mas no fim das contas não é. E, mesmo com mais uma temporada com desfecho contido (e com gancho para mais história), se a Fox topar dar a Shyamalan e Crouch uma terceira temporada, desta vez a expectativa certamente será positiva.


Wayward Pines (2a. Temporada), 2016

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