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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Doutor Fantástico


A essa altura não resta dúvida de que a Marvel está mais bem sucedida nas adaptações para o cinema de seus quadrinhos do que a rival DC Comics. Com o lançamento de Doutor Estranho, o chamado Marvel Cinematic Universe já se encontra em seu 14º filme, ou no "Capítulo 2 da Fase 3" (??).  É natural que parte do público comece a ter preguiça de acompanhar tanta história correlata e que o material passe a demonstrar sinais de desgastes ou de estar à deriva, sem um destino palpável. Problemas que fazem muita gente abandonar a leitura de quadrinhos fatalmente estão migrando para a sétima arte. Muito por isso, particularmente acabei 'perdendo' vários filmes mais recentes do MCU. Mas, mesmo assim, talvez por aparentar ser uma história autônoma (um "filme de origem" sem a participação de outros heróis já estabelecidos - como, por exemplo, foi Guardiões da Galáxia), animei de conferir este Doutor Estranho no cinema. Em 3D.

E afirmo que não há melhor forma de assisti-lo.


Assistir em DVD (ou coisas piores que existem por aí) significa concentrar em (e se contentar com) o que a produção oferece principalmente em termos de história. O que não é lá muita coisa. Tudo é muito básico: uma típica jornada do herói mesclada com a tradicional fórmula da Marvel, com direito a um protagonista que parece um Tony Stark mais ácido, um mestre ancião enigmático e um vilão com um plano genérico e que é um ex-aluno do tal mestre. Aliás, este é um ponto em que a DC sempre foi superior na telona: o Kaecilius apresentado aqui por Mads Mikkelsen é mais uma adição para o rol de vilões unidimensionais e nada memoráveis da Marvel. Time Lóki continua aguardando alguém para formar ao menos uma dupla. O característico humor do MCU também está presente no roteiro e agrada, mas não é a salvação. Atores renomados como Benedict Cumberbatch, Tilda Swinton e Chiwetel Ejiofor se desdobram, fazendo um ótimo trabalho com o que lhes é entregue. Quem não consegue mesmo decolar é Rachel McAdams, que tem em mãos uma personagem feminina secundária e subaproveitada, também característica do MCU.

Ver Doutor Estranho no cinema tem um bônus inicial, que é o som. Mesmo que ainda não tenha conseguido criar temas musicais reconhecíveis para seus heróis (como fizeram para a DC, John Williams com Superman e Danny Elfman / Hans Zimmer em dois momentos diferentes de Batman), a Marvel finalmente parece ter acertado com a escolha de Michael Giacchino, que cria a trilha sonora mais interessante do MCU até o momento. Ele deve (e deveria mesmo) se tornar o novo (e merecido) parceiro do estúdio, tanto que já foi contratado para o novo reboot do Homem-Aranha.

Mas o grande astro da produção é sua concepção visual. O diretor Scott Derrickson faz uso de efeitos de ponta de uma maneira genialmente inventiva. As fantásticas sequências de ação, que em sua maioria começam lembrando A Origem, logo remetem a M.C. Escher e se tornam eventos quase psicodélicos (mas nunca confusos ou nauseantes), vão se acumulando ao longo da projeção sem ficarem repetitivas. Quando o filme chega em seu terceiro ato, a sensação é de que não há mais nada de novo a ser acrescentado, porém o espectador é agraciado com uma nova variável para entrar no jogo visual e deixar ainda mais interessante o clímax (dividido em duas etapas igualmente criativas e inovadoras).

Exatamente como Avatar, A Invenção de Hugo Cabret, As Aventuras de Pi e Gravidade, Doutor Estranho pode ou não cair no gosto de quem o assiste, mas não se deve deixar passar a oportunidade de experienciar seus momentos mágicos em um bom cinema 3D.


Doutor Estranho (Doctor Strange), 2016



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