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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Colorido é o novo azul


Trolls é a mais recente aposta da DreamWorks para iniciar uma nova franquia em animação. Sem muito material prévio para se basear, já que o filme é inspirado simplesmente em uma linha de brinquedos criada em 1959 (e que se tornou um fenômeno de vendas nos EUA), o trabalho do diretor Mike Mitchell e dos roteiristas envolvidos precisaria de bastante inspiração para conquistar o público.

O resultado é uma batida história de resgaste envolvendo uma espécie de Smurfs coloridos: seres pequeninos que vivem numa aldeia escondida na floresta, cada qual com uma característica peculiar, liderados por uma variação de Papai Smurf e sendo perseguidos por uma criatura que faz a vez de Gargamel, só querendo saber de levá-los para a panela.


Existem alguns aprimoramentos na trama, claro, para que tudo leve à mensagem final. Indo na contramão do excelente Divertida Mente, a moral da história de Trolls é genérico um "o importante é ser feliz, e só depende de você para aflorar a felicidade interior". Parece que a DreamWorks está tentando ser o que a Disney era décadas atrás.

Mas, na verdade, a DreamWorks não está conseguindo nem ser o que a própria DreamWorks era 18 anos atrás. Em seu primeiro musical desde O Príncipe do Egito, fica exposta sua preguiça ao preferir preencher os números musicais com canções conhecidas, em vez de apostar mais uma vez em composições originais. Pode ser preguiça ou medo de que o público não tenha capacidade de assimilar novas canções. Pode ser preguiça ou falta de talento. Em qualquer caso, parece que o Frozen da Disney não serviu de exemplo. Quem sabe daqui a mais umas décadas?

E as canções são mesmo o carro-chefe da produção, fazendo com que os adultos tenham alguns momentos saudosistas e se divirtam nos intervalos em que as crianças estão rindo de bichinhos que soltam glitter e cupcakes do traseiro. O que não dá para aceitar é as canções também serem dubladas na versão em português, já que é muito difícil entender a cantoria traduzida e, portanto, os menores perdem a conexão entre as imagens e a letra de qualquer forma. Mais estranho ainda fica quando The Sound of Silence surge cantada no som original e a canção final, do astro Justin Timberlake, também fica sem tradução. Mas, no fim das contas pouco importa, pois todas as versões são produzidas pelo próprio Timberlake e sua sensibilidade pop dançante acaba tirando o charme de praticamente todas as músicas.

Can't stop the feeling que talvez a DreamWorks Animation nunca tenha o mesmo vigor que havia no início de sua empreitada, no final da década de 1990 e início dos anos 2000. Mas, fica a torcida: There can be miracles, when you believe.


Trolls (Trolls). 2016




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