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domingo, 16 de outubro de 2016

Jason Rebourne


A trilogia Bourne (A Identidade Bourne, A Supremacia Bourne e O Ultimato Bourne) veio para dar frescor e criar novos parâmetros para os filmes ação, a ponto de inspirar (e abrir competição dura para) até mesmo uma de suas próprias fontes de inspiração: a franquia 007. O sucesso foi tanto que, após um aparente (e adequado) encerramento da saga no terceiro filme, a série ainda ganhou uma quarta história (um spin-off?), com Jeremy Renner como protagonista, em O Legado Bourne ("Não assisti", "Não sei opinar"). Seja para recuperar prestígio na bilheteria (O Legado fez menos dinheiro que A Identidade havia feito dez anos antes) ou seja por motivações criativas e artísticas, os produtores trouxeram Matt Damon de volta para o papel principal em um quinto filme, intitulado Jason Bourne.


Neste, o diretor Paul Greengrass mostra que ainda sabe fazer bem o que fez em A Supremacia e O Ultimato, criando cenas de ação ao mesmo tempo críveis e espetaculares e prendendo a atenção do espectador durante toda a projeção. Porém, há pouca novidade. Sim, o elenco agora passa a contar com nomes como Alicia Vikander e Tommy Lee Jones, e personagens antigos são rapidamente descartados (ou sumariamente ignorados), mas a mesma história dos anteriores se repete. Bourne é forçado a sair do anonimato, busca saber mais sobre seu passado enquanto descobre segredos irreveláveis sobre operações da CIA, que coloca um assassino altamente treinado em seu encalço.

E se antes os roteiros pecavam por tentar dar complexidade demais às tramas, deixando a plateia até um pouco confusa sobre a cronologia das continuações, agora a abordagem é até simplista demais. Por vezes tola. O que dizer da sequência em que uma personagem não consegue comunicar tudo o que queria a Bourne para, na cena seguinte, este achar um diário daquela e abri-lo exatamente nas páginas com frases como "Jason Bourne está sendo vigiado" e "Richard Webb está envolvido"? Faltou "A CIA mente", mas não faltou encontrar um pendrive com as inscrições em letras garrafais CRIPTOGRAFADO.

No entanto, já com o título como evidência, é o valor da jornada do protagonista que mais sofre com esta continuação. O herói que passou três filmes à procura de sua identidade e tentando se restabelecer como David Webb, se vê cada vez mais preso a Jason Bourne. Assim como Robocop, que encerra seu primeiro filme dizendo que seu nome é "Murphy" para depois, no terceiro (e pavoroso) filme, terminar com um "Você pode me chamar de Robocop", agora Bourne é mais máquina do que homem.

O resultado é um bom filme de ação, mas não muito mais que uma emulação do alto padrão que a própria franquia ajudou a estabelecer.


Jason Bourne (Jason Bourne), 2016


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