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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Fantasmas do passado


Fui assistir ao Caça-Fantasmas lançado este ano determinado em tentar que o conhecimento e a grande apreciação por Os Caça-Fantasmas, de 1984, (e boa parte de suas derivações) não influenciasse minha impressão sobre esta nova versão. Não seria justo, nem bacana, ver um filme comparando-o o tempo todo a um outro que sou fã.

Eu queria muito esquecer o original. Mas não me deixaram.

Infelizmente, o pior aspecto dessa nova produção é justamente algo que funcionou bem em produções recentes como Jurassic World e Star Wars - O Despertar da Força: a recorrente referência (e reverência) ao material original. Das chamadas visuais, passando pelas pontas desconexas e (tristemente) decepcionantes do elenco e fantasmas originais, até à desnecessária repaginação do tema musical, nada que supostamente vem para resgatar o charme e a nostalgia do original funciona (com a devida exceção do emblemático logotipo da trupe). O resultado poderia ter sido muito melhor se os realizadores tivessem se distanciado de fato e criado algo realmente original, reimaginado por completo.


A esperança que isto poderia acontecer foi quando o diretor Paul Feig anunciou, durante as filmagens, de que seu Caça-Fantasmas seria também uma comédia, mas assustadora, com bastantes elementos de terror. Porém, esta promessa nem de longe é cumprida. Sobra ação, falta terror. Há muito menos sustos e medo agora do que havia em 1984. Resta apenas o elemento comédia, que pouco se distingue de outras obras do cineasta. Aliás, chega a ser decepcionante como que ele, experiente no gênero, não consegue acertar o tom nesta produção. E a pavorosa edição parece não ser trabalho de uma dupla  experiente e supostamente entendida de timing cômico.

O roteiro pouco ajuda. Gasta-se muita energia, e cenas, inserindo comentários nada sutis à polêmica que foi a fase de produção, quando uma quantidade considerável de fãs passou a criticar e atacar o filme antes mesmo da sua estreia. Com o YouTube e as redes sociais como principais plataformas de combate, muitos eram simplesmente contra uma reinvenção dos caça-fantasmas, mas a maioria era pura misoginia com o elenco principal, com incisões de gordofobia contra Melissa McCarthy e racismo contra Leslie Jones. Claro que, no fim das contas, a inversão dos papéis não é um problema, mas sim o pífio desenvolvimento das personagens. As comediantes principais até se esforçam com improvisação, mas pouco podem fazer além de dar uma graça adicional às poucas cenas que não dependem de efeitos especiais. Destaca-se mesmo a atuação excêntrica e divertida de Kate McKinnon, um achado para quem não acompanha o humorístico de esquetes americano Saturday Night Live.

De tudo, ao contrário de sua(s) predecessora(s), resta uma comédia apenas mediana, sem qualquer impacto cultural.

Eu queria muito gostar do novo Caça-Fantasmas. Mas não me deixaram.

Caça-Fantasmas (Ghostbusters), 2016




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