Pesquisar neste blog:

sábado, 16 de abril de 2011

E o sci-fi, como vai?


"Já não se fazem mais filmes de ficção-científica como antigamente. O último bom representante do gênero foi A.I. Inteligência Artificial." Esta era a forma que deveria começar um post que me sugeriram colocar aqui. Obviamente, não tenho como fazer isto.

Já fui um fã ardoroso do gênero, por isso seria fácil relembrar de grandes clássicos e cair na armadilha. Porém, hoje enxergo claramente que esta primeira frase, isolada, é amplamente ambígua. E se considerássemos o 'antigamente' como as décadas em que o que reinava na ficção-científica (e no terror) eram os 'filmes B'? Aí, embora hoje seja divertido apreciar pérolas como Plano 9 do Espaço Sideral, é tranquilo afirmar que já não se fazem mais filmes de ficção-científica com qualidade técnica tão baixa, roteiros tão ruins e atuações tão medíocres como antigamente. É claro que o proponente do tema não se referia à esta fase, e sua intenção fica clara com a frase complementar. Então, posso apenas concordar que A.I. é um bom (na verdade, ótimo) representante do gênero. Que desde então vem aparecendo apenas maus exemplares, não.

Dos que considero como os dez melhores filmes da década, quatro são ao menos uma mescla de ficção-científica com algum outro gênero - A Origem, Wall-E, Filhos da Esperança e Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças - e foram todos lançados depois do 2001 de A.I. De lá pra cá, saíram também os respeitáveis A Ilha, Guerra dos Mundos, Eu Sou a Lenda, Exterminador do Futuro: A Salvação e O Livro de Eli, por exemplo.

Além disto, dois anos se destacam com dois grandes filmes cada: 2002 e 2009.

Um ano depois de concluir sua interrompida colaboração com Stanley Kubrick, Steven Spielberg levou às telas Minority Report - A Nova Lei. Baseado no conto de um dos mestres do gênero na literatura -Phillip K. Dick- o filme, com sua instigante premissa, amarra à trama elementos de histórias de detetive, facilmente fascinando até os que não são muito adeptos da ficção-científica.


No mesmo ano, M. Night Shyamalan apresentou o sucessor para os seus sucessos O Sexto Sentido e Corpo Fechado. Embora muitos apontem Sinais como o primeiro ponto baixo na carreira do diretor-roteirista, a verdade é que este filme se revela uma parábola muito mais forte e tocante que a simples história de invasão alienígena que a maioria dos críticos insiste em enxergar.

Já 2009 foi palco para dois filmes com históricos bem distintos, mas que impressionaram por seus efeitos especiais - um com tecnologia de ponta, outro com recursos limitados - e que fizeram os espectadores embarcar em reflexões sobre a humanidade e seu relacionamento com a natureza e com o próprio ser humano.

Avatar, a atual maior bilheteria de todos os tempos, dispensa apresentações e comentários. Distrito 9, injustamente, não é tão conhecido e reconhecido pelo público, apesar de sua curiosa concepção. Peter Jackson estava desenvolvendo uma adaptação do jogo Halo com o especialista em efeitos especiais Neill Blomkamp. Como as coisas não andaram bem, o renomado neo-zelandês deu a "sobra" daquela pré-produção para o sul-africano fazer o filme que quisesse. E para viabilizar sua estréia em longa-metragens como diretor, Blomkamp criou os efeitos pessoalmente e ainda chamou o amigo Sharlto Copley, que nunca havia atuado, para o papel principal. O resultado foi um filme pessoal, mas com uma temática universal com cara de grande produção.

E para desbancar de vez a argumentação inicial, estou confiante que este primeiro ano da década vai ser grandioso para a ficção-científica, não só no cinema mas também na TV. Meu único problema com o gênero é não saber ao certo seu plural. Tentei escrever 'Já não se fazem mais ficções-científicas como antigamente' mas soou muito esquisito. Como um filme B.

Nenhum comentário:

Postar um comentário