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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Comédia sem bordas de catupiry


Outro dia meu primo enviou um link com um trecho clássico de um filme em que Gene Kelly faz um número de sapateado sobre patins. O que o impressionava era como tudo era bem ensaiado e como o resultado ficava perfeito, em uma cena onde não havia adulteração (ou alteração, se quiser evitar a ambiguidade maliciosa) por efeitos especiais ou trucagens.

Recentemente, vendo Uma Noite Na Ópera, dos Irmãos Marx, parei para refletir um pouco sobre o que havia dito meu primo e sobre a versatilidade dos comediantes das antigas e dos atuais. Chico Marx tocava piano impressionantemente bem e seu irmão, harpa. Jerry Lewis era um exímio dançarino, assim como seu parceiro Dean Martin, que também foi um renomado cantor. Fred Astaire e o próprio Gene Kelly não só dançavam, como também foram coreógrafos. E Charlie Chaplin encantou o mundo como ator, diretor, roteirista, produtor e compositor de trilhas sonoras e canções.

Não quero de jeito nenhum desmerecer o talento dos comediantes de hoje em dia, mas se pararmos pra pensar em termos de diversificação... Jim Carrey... Ben Stiller... Adam Sandler... Will Ferrel... Steve Carrel... Bom, Jack Black toca guitarra e tem uma banda (dupla, na verdade) de rock pesado.

A questão é que os atores passaram a ser "só" atores (tá, um ou outro é roteirista e/ou diretor também), enquanto antes eram artistas.

O que torna algumas cenas e filmes tão memoráveis até hoje, décadas após terem sindo realizadas, é podemos perceber que aquele cara que está ali e realmente fez tudo aquilo ali. E, apesar do dom e aptidão naturais, deve ter ralado muito para conseguir (às vezes até literalmente, já que muitos não usavam dublês, mesmo quando a prática do uso passou a ser comum). Quer algo mais triste que ver Jackie Chan fazendo peripécias com efeitos especiais?

Naturalmente, muitos filmes de hoje em dia acabam sendo mais engraçados e/ou tendo muito mais ritmo, por não serem interrompidos por um número musical ou de dança, mas vale aí a reflexão: Usando este cenário dos atores de comédia apenas como alusão, será que com a correria do dia-a-dia e o comodismo tecnológico nós nos tornamos mais limitados e exploramos menos o potencial dos nossos dons?

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